Hoje soube do falecimento do avô de uma amiga muito querida. E aí, meio inevitável, a gente revive tudo. Três avós falecidos, em momentos diferentes da minha vida, com maturidades e sentimentos e compreensões diferentes. Mas a saudade sempre fica, né? Não dá pra evitar. Chega uma hora em que a gente se acostuma com a ausência, aprende a valorizar a lembrança, mas a saude efetivamente nunca deixa de existir. Tá sempre na sala, igual um gato. Às vezes em cima da gente, outras escondido embaixo do sofá, mas sempre por ali. À espreita. Ando especialmente sensível e dolorido nesses tempos de pandemia. Cansaço, trabalho, tensão, morte, apego, desapego, estudo, de vez em quando uma pequena luz de esperança no meio de tanta neblina que estamos vivendo. Tudo intenso, tudo transbordando, tudo estranho. E sem poder parar. Sem pausa. Consertando o motor enquanto o ônivus lotado continua andando, sem freio. E sozinho, na maior parte do tempo. A dor é sempre compartilhada, mas no final do dia, é sempre sozinho. Eu, meus pensamentos, minha dor, minha força, que a essa altura já nem sei mais se é força de fato ou a pura inércia, um objeto em movimento que simplesmente continua em movimento. Me afogo todo dia, prendo a respiração o quanto posso e respiro quando dá. É esse o sentimento.